domingo, 24 de fevereiro de 2013

Os encantos e mistérios das grutas de Minas Gerais

No último feriado da independência (7 de setembro), visitamos duas fantásticas grutas mineiras a caminho da histórica cidade de Diamantina, terra natal do ex-presidente Juscelino Kubitschek e da famosa ex-escrava Chica da Silva.

O objetivo da viagem não era somente conhecer Diamantina, mas aproveitar o trajeto de Belo Horizonte até a cidade para visitar algumas atrações como a Lagoa do Paulino e a Gruta Rei Mato em Sete Lagoas, além da Gruta de Maquiné e o Museu Casa de Guimarães Rosa em Cordisburgo.

Lagoa do Paulino, Sete Lagoas-MG

Planejamos a viagem com antecedência e conseguimos comprar as passagens aéreas Rio-Belo Horizonte-Rio a um custo menor do que se fôssemos de ônibus. Chegamos no aeroporto de Confins bem cedo, pegamos o carro alugado e partimos direto para Sete Lagoas, parando na Lagoa do Paulino. Ao redor da lagoa há vários bares, restaurantes e hotéis. O lugar é bem agradável, ideal para uma caminhada matinal, que foi o que fizemos. Demos uma volta completa na lagoa e seguimos para a Gruta do Rei Mato.

A gruta Rei do Mato tem 998 metros de extensão, dos quais somente 220 metros estão abertos à visitação pública. A entrada da atração não cria muitas expectativas nem prepara o visitante para as maravilhas que se vê lá dentro.

Depois de andar alguns metros em uma plataforma de metal, é preciso descer por uma escadaria iluminada. A visita é feita em grupos acompanhados por guias locais.

A gruta é dividida em quatro salões: Couve-Flor, Blocos Desabados, Poço dos Desejos e Poço das Raridades. Dentro dela foram descobertas pinturas rupestres feitas há seis mil anos.

O nome da gruta teve origem no fato dela ter sido habitada por um homem misterioso que instigava a curiosidade da população. Ele era possivelmente um fugitivo da Revolução de 1930 que ganhou o apelido de "Rei do Mato".

À medida que descíamos as escadas, cruzávamos com gigantescos blocos de estalactites (formas pontiagudas que nascem a partir do teto) e estalagmites (formas arredondadas que crescem a partir do chão).

Esses blocos são surpreendentemente gigantescos e adquirem uma aura mágica com a incidência de luzes especiais. O guia nos informou que nenhuma gruta brasileira tem em seu interior formações tão complexas.

O projeto de iluminação parece ter sido elaborado com o objetivo de fazer o visitante se sentir em outro planeta e as crianças vibravam com a novidade!

A ação da água é responsável pela formação de espeleotemas, espécie de esculturas que ornamentam as cavernas. Esses cristais, geralmente brancos e brilhantes, são moldados a partir de substâncias químicas ou sais minerais das rochas que, aos poucos, são transportados pela água. Alguns espeleotemas adquirem formas conhecidas, como de vegetais e objetos, que ajudam a batizar os salões.*

A gruta possui vários conjuntos de escorrimentos, formações que cobrem as paredes, também chamadas de cascatas de pedras.

O que mais me impressionou foram as colunas resultantes do encontro entre estalactites e estalagmites. É difícil imaginar que esse fenômeno demora milhares de anos para acontecer. Incrível mesmo!!!!!

O salão Desabados é um dos mais importantes da gruta Rei do Mato por possuir formações raríssimas, como as duas colunas cilíndricas e harmônicas compostas de cristais de calcita, com diâmetro médio de 20 cm a 30 cm e altura aproximada de 20 metros.*

Quando chegamos ao fim da visita, o guia se ausentou por alguns segundos e acionou um botão que encheu o salão de luzes coloridas que incidiam sobre as rochas aumentando a sensação de experiência extraterrestre!

A iluminação realmente cria um cenário deslumbrante e a cor das luzes muda a cada segundo, produzindo imagens completamente diferentes, conforme vocês podem conferir nas fotos a seguir.

Eu fiquei fascinada com tudo o que vi e recomendo muito esse passeio!!!!

Em seguida, partimos em direção à cidade de Cordisburgo para conhecer o Museu Casa de Guimarães Rosa antes de visitar a Gruta do Maquiné.

Infelizmente nem eu nem o Marcelo somos familiarizados com a obra do autor de “Grande sertão: Veredas” e acho que por esse motivo não nos demoramos muito por lá.

O museu possui uma coleção de aproximadamente 700 documentos textuais, dentre os quais se destacam registros pessoais (certidões, correspondências, discursos, originais manuscritos ou datilografados). Além do acervo literário, preserva outros registros da vida de Guimarães Rosa  como médico e diplomata, objetos de uso pessoal, vestuário, utensílios domésticos, mobiliário e fragmentos do universo rural presente na literatura roseana.*

Apesar de eu não ter me interessado pelo museu, a sinalização dos banheiros me chamou a atenção pela criatividade. As placas das portas consistiam em trechos de “Grande sertão: Veredas” com destaque em negrito nas palavras ELE e ELA. Gostei dessa ideia inusitada! No fim das contas, acho que a gente sempre aprende alguma coisa nos lugares por onde passa.

A entrada da Gruta do Maquiné é bem sinalizada e tem boa infraestrutura. Um novo restaurante estava sendo construído quando visitamos o local.

A entrada da gruta parecia mais promissora do que a Rei do Mato, mas achei seu interior menos impactante. Os salões me pareceram maiores e algumas cascatas de rochas eram gigantescas, mas a impressão que eu tive foi a de que a gruta Rei do Mato possuía formações mais intrigantes.

Vou copiar aqui alguns trechos sobre a história da exploração da Gruta do Maquiné:

“A gruta foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné, na época proprietário das terras. O berço da paleontologia brasileira foi explorada cientificamente pelo sábio naturalista dinamarquês Dr. Peter Wilhelm Lund em 1834, que em seguida, mostrou ao mundo as belezas naturais de raro primor”.*

“A gruta possui 7 salões explorados, totalizando 650 metros lineares e desnível de apenas 18 metros. O preparo de iluminação e passarelas possibilitam aos visitantes vislumbrarem, com segurança, as maravilhas de Maquiné, onde todo o percurso é acompanhado por um guia local. Forma uma galeria contínua com uma largura média de 30 a 40 pés e uma altura de 50 a 60 pés”.*

“Dr. Lund permaneceu dentro da caverna quase dois anos fazendo seus estudos sobre a paleontologia brasileira e descobriu restos humanos e de animais em petrificação do Quaternário. Entre outros, foram achados esqueletos de aves fossilizadas com a extraordinária curvatura de até três metros”.*

Estalactites na Gruta do Maquiné

O salão da foto acima foi o que mais me impressionou pelo tamanho, pelas cascatas de rocha que me lembraram muito a região de Pamukkale, na Turquia, e pelo lago de água cristalina que brotava do solo. Pena que estava muito escuro e não consegui tirar fotos melhores!

Terminada a visita a Cordisburgo, seguimos para nosso destino final, Diamantina, mas esse relato precisa ser escrito em outro post, já que o feriado foi bastante proveitoso e tenho muita coisa pra mostrar. Adoro a arquitetura colonial brasileira!

Na volta para o aeroporto, ainda deu tempo de visitar a pequena e charmosa Serro. Espero vocês aqui para a continuação dessa viagem!!!!!

Passadiço da Glória em Diamantina-MG

Igreja de Santa Rita em Serro-MG

Um grande beijo com votos de uma semana proveitosa!!!!

*Fontes:
http://www.mochileiros.com/feriado-em-diamantina-mg-passando-tambem-por-sete-lagoas-cordisburgo-serro-t73767.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gruta_Rei_do_Mato
http://www.circuitodasgrutas.com.br/
http://www.mg.gov.br/governomg/portal/c/governomg/conheca-minas/turismo/parques-e-grutas/10242-gruta-rei-do-mato/53456-gruta-rei-do-mato/5146/5044
http://www.cultura.mg.gov.br/museus/museu-casa-guimaraes-rosa
http://wikimapia.org/4184337/pt/Gruta-de-Maquin%C3%A9
Bonfa-ass

24 comentários:

Ila Fox disse... [Responder comentário]

Que legal, quando fui para a Gruta do Rei do Mato e Maquiné elas estavam com padrões de iluminação diferente! A do rei do Mato era só verde, e Maquiné era amarelinha e verde. Tenho que visitar novamente!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@ila foxQue legal, Ila! Realmente a iluminação cria um efeito incrível, muito bonito mesmo! Realmente dá vontade de voltar! Esse passeio foi delicioso! Um beijão!

Elisa Barros disse... [Responder comentário]

Estou aqui morrendo de vergonha porque moro "ao lado" e não conheço nenhum desses lugares! Shame on me! Vou programar o meu passeio urgente! Bjos

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Elisa BarrosElisa, é verdade! Vai conhecer as grutas sim, o cenário é deslumbrante!!!! Já estou imaginando as fotos lindas que vc tiraria lá! Um beijào!

Rezinha disse... [Responder comentário]

Em abril do ano passado fiz esse mesmo passeio, mas visitei a Maquiné primeiro e fiquei bem impressionada com o tamanho dos salões, depois fomos pro Rei do Mato e lá o que impressiona mesmo são as esculturas formadas pelas águas... acredito que se tivesse feito o passeio na mesma ordem que vc, tb não acharia a Maquiné tão bonita, pois a Rei do Mato é muito mais impactante e esse efeito das luzes é impressionante.

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@RezinhaRezinha, concordo plenamente com você! A Gruta Rei do Mato é realmente mais impressionante por causa das esculturas formadas pelas rochas, mas a Gruta do maquiné também impressiona pela dimensão dos seus salões. Nós gostaríamos também de er ido na Gruta da Lapinha. Quem sabe voltamos em uma outra oportunidade? Beijos!!!!

Mães e Festeiras disse... [Responder comentário]

Kátia, querida, fiz esse passei há mais de 20 anos, séculos antes de sonhar em vir morar em Minas e é engraçado como, ao ver suas fotos, percebi que minha memória do local continua viva e, principalmente ver que tudo está tão lindo e preservado, o que é um fenômeno raro no Brasil ...
Realmente a Rei do Mato é maravilhosa, mas já vi fotos da Gruta de Maquiné quando fica com água no interior e são de tirar o fôlego!!
beijos e boa semana,

Maria Tais
maesefesteiras.blogspot.com

Mães e Festeiras disse... [Responder comentário]

Agora que fiquei pensando, lembrei ... a Rei do Mato nem tinha iluminação diferente, tinha recém aberto para visitação, mas era de um esplendor incrível mesmo assim ...
Bjs,

Maria Tais

Sheila Mendes disse... [Responder comentário]

Oi Kátia, tudo bem?
Que saudades de passar por aqui!!
Tb escou como a Elisa, morrendo de vergonha por morar tão perto e não conhecer estes lugares lindos.
Ainda bem que temos você para nos mostrar tantas beleza e nos dar "o caminho das pedras", rsrs.
Aproveito para convidá-la a ver o post de hoje no meu blog, é sobre outro cidade mineira, Congonhas!!
http://www.acasadasheila.com/2013/02/congonhas-mg.html

Bjos.

Unknown disse... [Responder comentário]

kátia, q passeio mais lindo e revelador, heim?
Qdo criança meus pais nos levavam anualmente de Friburgo até BH para apreciar as belezas de minas. Íamos sempre na semana Santa.
depois q cresci, só estive na região para trabalhar.
Esse seus passeio reacendeu minha vontade de rever a bela MG e tb suas grutas e cavernas.
Bjs e uma semana linda para tds nós. ;D

Dani Hoffmam disse... [Responder comentário]

Katia fiquei impressionada com as fotos! Imagina pessoalmente, deve ser uma experiência incrível!
Eu e Thiago estamos negociando para onde vamos nos ultimos dias das férias dele, estamos entre Bahia e BH. Minha vontade de ir para Bh é fazendo o percurso de trem que tem uma vista incrível, porém é um dia de viagem... e voltar de avião. Já para a Bahia vamos ter q ir de ônibus pois as passagens estão absurdamente caras! Se eu for para lá já tenho o roteiro pronto! Adoro seus posts de viagens, vc não imagina como tem me ajudado! Bjos

Maria Célia disse... [Responder comentário]

Oi Kátia, você esteve pertinho da minha casa, moro em Pedro Leopoldo, distante 30 km de Sete Lagoas, e há anos não visito a cidade, a gruta Rei do Mato nunca passei nem perto.
A de Maquiné já estive há mais de 10 anos e Diamantina e Serro ainda não tive o prazer de ir.
Mais próximo da minha cidade tem uma outra gruta, em Lagoa Santa, chamada Lapinha, também é muito legal e muito visitada.
Sua postagem ficou muito bacana, você é muito talentosa com as palavras, você consegue passar para nós suas impressões e dicas valiosas.
Sem contar as fotos que são espetaculares.
Beijo.

Claudia Liechavicius disse... [Responder comentário]

Katia,

Simplesmente espetacular. Que coisa incrível! O Brasil tem tantas maravilhosas. Fiquei doida para conhecer essas cavernas. E a iluminação ajuda muito. Que efeito.

Amei a dica.

Beijos.

Gina disse... [Responder comentário]

Kátia,
Quando morei em Juiz de Fora, tive a oportunidade de conhecer várias grutas, mas não tinha essa iluminação. E se dizia que era prejudicial, inclusive...
Enfim, o efeito é bacana sim!
Fiz um roteiro de férias, na época, envolvendo várias cidades de Minas. Só ficou de fora Diamantina, por ser muito longe de BH. Percorri de BH até o sul do Estado, as principais cidades. Tem muita coisa interessante para conhecer!
Bjs.

K disse... [Responder comentário]

Eu amo Diamantina! Meus dois irmãos fizeram faculdade nessa cidade deliciosa.
E todas as minhas tias estudaram num colégio interno no Serro.Eu amava visita-las la quando criança.
Quanto as grutas, não me atraem nem um pouco.Sou altamente claustrofobica.Entretanto, suas fotos ficaram magnificas, como sempre!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Mães e FesteirasTais, é verdade! Os guias nos disseram que o interior das cavernas fica completamente diferente na época em que há abundância de água! Deve ser lindo mesmo, a recomendação é voltar para ver a diferença! Eu gostaria muito, quem sabe???? Mil beijos!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Sheila MendesObrigada, Sheila! Ah, eu te entendo perfeitamente! Provavelmente tem muitos lugares aqui no Rio e nos arredores que os turistas de outros estados conhecem bem melhor do que eu! Acho que a gente sabe que a atração está pertinho e pode ir a qualquer momento, mas acaba nunca indo, né? Rsrsrs! Vou lá ver seu post, adoro as cidades históricas mineiras! Um grande beijo!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Anna SilvaAnna, essa região é mesmo muito bonita e cheia de atrativos! Foi uma viagem razoavelmente longa de carro até Diamantina, mas amei tudo o que conhecemos no caminho! Um beijào!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Dani HoffmamDani, fico muito feliz que os meus relatos tenham ajudado! Eu me identifico com o que vc disse porque também adoro ler relatos de viagem de blogueiras com as quais tenho afinidade. Prefiro fazer isso do que comprar uma revista escrita por quem nào conheço. Gosto muito de deixar registrados esses meus passeios. Pena que o tempo é curto e não consigo ser tào ágil... mas aos poucos, vou deixando as minhas impressões por aqui! Um beijào!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Maria CéliaMaria Célia, super obrigadaaaaaaaa! Que comentário fofo, muito obrigada mesmo pelos elogios e carinho! A gente queria ter ido na da Lapinha, mas acho que ficaria tarde para continuarmos a viagem até Diamantina no mesmo dia. Puxa, passamos perinho de vc mesmo! Eu adorei Sete Lagoas, achei a cidade bem gostosa e tranquila! Quando me aposentar, pretendo escolher um lugar assim pra morar, longe do estresse das grandes cidades. Um grande beijo!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Claudia LiechaviciusQue legal, Claudia! Realmente a iluminação faz a maior diferença! Li que muitos engenheiros estiveram envolvidos no projeto de iluminação. A gente parece se transportar para outro planeta, é bem legal! Um beijào!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@GinaGina, realmente Diamantina é longe de BH! Na ida, nào senti tanto, mas na volta eu achei o caminho super longo e nào via a hora de chegar... tanto que paramos pra almoçar em Sete Lagoas e esticar as pernas antes de seguir para o aeroporto. Sobre a iluminação, o que nos foi dito é que as luzes automaticamente se apagam depois que o grupo de turistas deixa o local e foi projetada para minimizar os possíveis danos à estrutura das grutas. Mas como não é algo natural, talvez haja algum prejuízo sim, nào sei dizer. Um grande beijo!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@KIh, é verdade, Kathia! Pra quem tem claustrofobia, as grutas não são muito indicadas, rsrs! Na verdade, os espaços são amplos, mas existe a sensação de confimamento sim. Diamantina e Serro são muito fofas, né? Amei as cidades e programei um post sobre elas para a semana que vem! Um beijào!

Letícia disse... [Responder comentário]

q delícia!!!
adoro seus posts de viagem!
:)

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