Eu pretendia fazer um pequeno resumo dessa viagem escolhendo somente três fotos de cada lugar por onde passamos, mas acabei me empolgando e elaborei um post maior cheio de imagens e informações. Demorou um bom tempo até ficar pronto, mas como há muitos anos eu não imprimo fotos e não tenho álbuns além dos virtuais, esse relato funciona pra mim como um souvenir de viagem, o qual posso reler de vez em quando para lembrar desses momentos especiais. E por que não compartilhar essas memórias com quem porventura estiver procurando relatos de brasileiros que estiveram nos mesmos países? Gosto muito de ler os guias LONELY PLANET, mas prefiro os textos e as dicas dos nossos compatriotas porque normalmente me identifico mais com eles.
Conforme comentei no post sobre o concurso “Pra onde vou?”, gosto mais de conhecer lugares novos do que voltar aos paises que já visitei. É somente uma questão de preferência pessoal e é porque eu acho a primeira vez mais emocionante. Tive a oportunidade de voltar algumas vezes a Paris e Nova York, por exemplo, e gostei muito de todas as viagens. Por um lado, a gente se sente familiarizado com a cidade e isso é bom, mas, ao mesmo tempo, eu sinto falta de um “quê” de novidade, de expectativa e de curiosidade sobre o que vou encontrar.
Nessa última viagem de férias, estivemos em Luxemburgo, Romênia, Sérvia e Bósnia-Herzegovina pela primeira vez e na Bélgica pela segunda vez. Dividi esse relato em duas partes para facilitar a leitura.
LUXEMBURGO
Abadia de Neumünster
Luxemburgo, oficialmente Grão-Ducado de Luxemburgo é um pequeno país com pouco mais de meio milhão de habitantes situado na Europa Ocidental, limitado pela Bélgica, França e Alemanha. O país tem uma economia altamente desenvolvida e possui uma das maiores rendas per capta do mundo.
O que eu achei interessante e já sabia por causa de algum documentário que assisti, é que o país abriga um bom número de imigrantes brasileiros e, principalmente, de portugueses, que representam 16% da população. Na capital vimos vários restaurantes de comida típica desses dois países, além de lojas que vendiam produtos como coxinha de galinha, pão de queijo, pé de moleque, guaraná etc.
Abadia de Neumünster
Luxemburgo é um país trilingue, no qual o alemão, o francês e o luxemburguês são os idiomas oficiais e, pelas minhas pesquisas, seus habitantes aprendem e dominam todas as três línguas. Também é fácil se comunicar em inglês.
Casamatas de Bock
Luxemburgo se desenvolveu em torno de uma fortaleza e a atração de que eu mais gostei na cidade foram as casamatas. Trata-se de passagens subterrâneas secretas interligadas aos centros militares de proteção que formavam o principal sistema de defesa da cidade.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as casamatas foram usadas como esconderijo para proteger a população dos bombardeios. Esse incrível conjunto de cavernas chegou a ter 23 km de extensão.
Hoje em dia, as casamatas são a principal atração turística de Luxemburgo e desde 1994 fazem parte do Patrimônio Mundial da Unesco. A visita é imperdível e é de lá que se avistam as mais belas paisagens da cidade.
Ruína próxima às casamatas de Bock
O Grund é a parte baixa da cidade, onde estão concentradas algumas casas muito bem preservadas que foram construídas no século XIV. Uma delícia de lugar pra passear e fotografar cada cantinho!
Fizemos uma pausa no SCOTT´S PUB na região do Grund, de onde pudemos admirar belas vistas dessa parte da cidade. Infelizmente não conseguimos uma mesa na concorrida varanda sobre o rio, mas fui até lá pra tirar algumas fotos.
Grund, a cidade baixa
Grund, a cidade baixa
A cidade vista de cima
Chemin de la Corniche
O Chemin de La Corniche é um caminho delicioso que leva o visitante a apreciar lindas paisagens durante o passeio.
Câmara Municipal
Praça Clairefontaine e a escultura da Grã Duquesa Charlotte
Palácio Grão-ducal de Luxemburgo
Catedral de Notre Dame de Luxemburgo
Detalhe dos vitrais da Catedral de Notre Dame de Luxemburgo
Como Luxemburgo é um país muito pequenininho cercado por três gigantes europeus, infelizmente ainda é um destino pouco explorado pelos brasileiros. Acho que vale a pena incluí-lo no roteiro e, apesar de termos ficado dois dias e meio por lá, é possível conhecer as principais atrações num único dia.
ALEMANHA
Bonn e Colônia
Programamos uma paradinha estratégica na Alemanha por uma questão logística e aproveitamos para visitar um amigo, além de fazer um rápido city tour por conta própria por Bonn e Colônia no mesmo dia.
Universidade de Bonn
Münsterplatz
Estátua de Beethoven
Portão de Koblenz
Bonn possui pouco mais de 300 mil habitantes e está situada no estado da Renânia do Norte-Vestfália. Foi lá que nasceu o famoso compositor Ludwig van Beethoven em 1770 e sua casa é hoje um museu que possui o maior acervo de objetos ligados ao compositor. Infelizmente, só tivemos algumas horas para passear pela cidade e então não deu tempo de explorar melhor as atrações. No final da manhã, seguimos de trem para Colônia, a 30 km de distância.
Catedral de Colônia
Bares e restaurantes no Centro Histórico
Torre da Câmara Municipal
Estação de trem de Colônia
A imponente e gigantesca Catedral de Colônia é a atração mais visitada da cidade, suas torres têm mais de 150 metros de altura e quando a construção ficou pronta no final do século XIX, era o maior edifício do mundo. Foi bem difícil encontrar um ângulo para fotografar a catedral toda, mas consegui me afastando o máximo que pude, como vocês podem conferir na primeira imagem dessa sequência de fotos.
Bonn e Colônia deixaram um gostinho de “quero mais”. Estivemos em algumas cidades na Alemanha em 2010, mas eu só publiquei um post sobre Desden (lindíssima, por sinal). Tenho muita vontade de voltar algum dia para fazer a “rota romântica”, percorrendo cidades pequenas e charmosas que me agradam mais do que as grandes metrópoles.
No fim do dia, pegamos novamente o trem na estação que fica ao lado da catedral e seguimos para Dortmund, onde dormimos num hotel próximo ao aeroporto a fim de embarcar no voo para Bucareste, a capital da Romênia, no dia seguinte.
ROMÊNIA
Bucareste
Pra mim, a Romênia era o “filé mignon” da viagem de férias, tanto que reservamos uma semana inteira para explorar o país. Os castelos da Transilvânia estavam na lista de lugares que eu gostaria de conhecer algum dia, principalmente depois que vi algumas fotos de amigas viajantes.
Ateneu romeno, palco de apresentações de música clássica
Bucareste é a capital da Romênia, considerada “jovem” para os padrões europeus, já que sua existência foi citada pela primeira vez em 1459. Desde então, passou por várias mudanças, tornando-se a capital estatal da Romênia em 1862 e consolidando sua posição como centro da comunicação em massa, cultura e arte romenas. Sua arquitetura eclética é uma mistura das eras histórica, entre-guerras, comunista e moderna. No período entre as duas guerras mundiais, a arquitetura elegante e a sofisticação de sua elite deram a Bucareste o apelido de "Paris do Leste", embora as baixas condições de vida de sua população e por ter sido cenário de muitas guerras e conflitos durante o período da Guerra Fria tenham lhe acarretado também o apelido de "A Cidade dos Orfanatos", devido a grande quantidade de órfãos e crianças de rua que a cidade já abrigou.*
*Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bucareste
Estátua de Carol I na Praça da Revolução
No centro e nas avenidas principais, vimos muitos prédios clássicos, mas em vários pontos da cidade o que sobressai é a arquitetura soviética, caracterizada por grandes blocos de edifícios resultantes de um projeto de desenvolvimento idealizado pelo líder comunista Nicolae Ceausescu nos anos 80.
Palácio CEC ao fundo
Logo que saímos do hotel para circular pela cidade, o Marcelo comentou que eu não deveria criar grandes expectativas, já que Bucareste não tem fama de ser uma capital charmosa. Muita gente diz que é acinzentada por causa da arquitetura soviética, mas não foi essa a nossa impressão. As amplas avenidas que ostentam palacetes desembocam em parques com agradáveis áreas verdes. Apesar de ser a capital do segundo país mais pobre da União Europeia, Bucareste tem uma taxa de criminalidade baixíssima e uma vida noturna vibrante. Gostei de termos incluído a cidade no nosso roteiro.
O centro histórico de Bucareste é uma graça! Adoro caminhar por ruas de pedestres e achei uma delícia observar as fachadas dos vários cafés, bares e restaurantes que preenchem o espaço. São muitas opções e fica tudo mais animado à noite.
Tirei a foto acima no Caru’ cu Bere, restaurante/cervejaria tradicional aberto em 1879 num ambiente decorado com vitrais, afrescos e piso de mosaico. Concordamos com a opinião do dono do albergue onde nos hospedamos, achamos a ambientação linda, mas a comida não era nada demais. Como o local virou atração turística, eu recomendo a visita, mas é melhor não criar expectativas em relação aos pratos.
Fachada do Banco Nacional da Romênia
Uma coisa que adoramos (e não sei como não fazíamos antes, porque é a nossa cara) foi um walking tour gratuito por Bucareste. Alguns dias depois, repetimos a experiência em Belgrado, Sérvia, e também aprovamos.
Relógio na Piata Unirii
Foi o dono do albergue que nos deu a dica sobre um tour à pé que saía às 10h da Piata Unirii. Os guias normalmente são estudantes de turismo e não é cobrada uma taxa de participação, mas as gorjetas são aceitas e incentivadas. Acho que vale muito a pena porque é uma visita guiada mais descolada e informal do que as excursões pagas geralmente oferecem e, em vez de ficar sentado dentro de um ônibus ou van, o trajeto é todo feito à pé, o que favorece o contato com a cidade e seus habitantes.
A Igreja Mihai Voda sendo transportada para um esconderijo
Na foto acima, vocês podem ver uma igreja ortodoxa sendo transportada do seu local de origem para um “esconderijo” entre blocos de prédios no estilo soviético. Na época, o líder comunista Nicolae Ceausescu queria colocar abaixo todas as igrejas do país, mas foi convencido de que bastava escondê-las dos olhos do povo usando a técnica elaborada por um engenheiro romeno chamado Eugen Iordachescu, que consistia em levantar a construção inteira do solo e colocá-la sobre uma base estável que, por sua vez, era encaixada em trilhos. Foi assim que algumas igrejas escaparam da destruição na época do comunismo. Essa foi uma das histórias curiosas contadas pelo nosso guia.
A estátua “de gosto duvidoso” que representa o Imperador romano Trajano foi inaugurada em frente do Museu de História Nacional em abril de 2012 e desde então vem sofrendo muitas críticas, reprovações e deboches. A intenção do artista Vasile Gorduz era representar a gênese do povo romeno a partir da fusão dos romanos com os habitantes da Dácia (província romana entre 106 e 275 d.C. que hoje fica no território romeno). A postura esquisita (o lobo está flutuando), a nudez do personagem principal e a estranha bandeira que mais parece um cachecol usado pelo lobo (que parece um cachorro) desagradou à maioria da população. É comum ouvir comentários pejorativos sobre a obra, que ganhou um monte de fotomontagens divertidas. Por causa dessa polêmica, a estátua bizarra está cada vez mais famosa!
Outra obra de arte polêmica é o Monumento à Revolução de 1989 na Piata Revolutiei, cujo obelisco representa o poder do povo ultrapassando a rígida gaiola de ferro do comunismo.
O Palácio do Parlamento de Bucareste é o segundo maior edificio do mundo em tamanho e volume de ocupação (350 mil m²). O primeiro lugar é do Pentágono nos EUA. A construção de proporções descomunais foi concebida pelo ex-ditador Nicolae Ceausescu (que gostava de obras monumentais) para ser a sede de todo o poder político e administrativo na Romênia. O palácio mede 270 metros de comprimento por 240 de largura, 86 de altura e 92 abaixo do solo. Possui 1.100 salas, duas garagens subterrâneas e 12 andares, com mais quatro pisos subterrâneos prontos, além de outros quatro em diferentes estados de conclusão.
Fonte da imagem: http://johnsaysthis.com/2013/04/20/build-this-and-the-people-will-kill-you-bucharest/
Para construir o palácio, Ceausescu mandou destruir, demolir e desocupar cerca de 6% da cidade. Para alargar a avenida que leva ao palácio e a qual ele pretendia que fosse reconhecida como mais longa e mais larga que a Champs Elysées em Paris, Ceausescu mandou desalojar cerca de 30 mil famílias, destruiu 19 igrejas ortodoxas, 6 sinagogas, várias praças e monumentos históricos.
Os romenos que conhecemos foram muito simpáticos e, pelo que pesquisei via relatos de outros blogueiros, essa é a impressão geral. Aliás, tanto na Romênia quanto na Sérvia e na Bósnia, eu me surpreendi com a simpatia das pessoas. Eu achei o povo muito solícito, prestativo e sorridente.
Sinaia
Na maior parte dos textos de viagem que li, percebi que para muitos brasileiros passar por Bucareste era “um mal necessário” por ser a porta de entrada na Romênia. Alguns desses viajantes se surpreenderam positivamente com a cidade, assim como nós, outros não gostaram e muitos seguiram direto para a Transilvânia, a região mais procurada pelos turistas que visitam o país.
Castelo Peles
A Transilvânia é famosa pela beleza cênica de sua paisagem envolvida pelos Cárpatos e sua rica história. Colonizada por alemães, possui uma arquitetura linda e ficou mundialmente conhecida por ser o lar do Conde Drácula. Isso porque no fim do século XIX, o escritor inglês Bram Stoker escolheu a região da Romênia como cenário para a ficção que virou filme e lenda.
Castelo Peles
Os Castelos de Peles e Pelisor são as principais atrações turísticas da cidade de Sinaia, que no inverno se transforma num dos mais badalados resorts de neve da Romênia. Como estivemos lá na baixa temporada (março), a cidade estava pouco movimentada e havia vários restaurantes fechados. Por causa dos castelos, eu imaginava que encontraria um centro histórico charmoso, mas estava enganada. Sinaia é formada praticamente por uma única avenida margeada por grandes hoteis e um shopping. Tudo bem moderno.
Castelo Peles
Construído em 1875 no estilo renascentista germânico, o Castelo Peles foi concebido para servir como residência de verão do monarca Carol I. A obra demorou 39 anos para ficar pronta e o rei só viveu por alguns meses após a inauguração do castelo. Foi a rainha que se incumbiu de decorar seus 160 cômodos de maneira bastante eclética, misturando vários estilos arquitetônicos.
Castelo Peles
Eu não conseguia parar de fotografar o exterior da construção! Já estive em muitos castelos europeus porque adoro visitar esse tipo de atração e acho que o interior do Peles só se compara em beleza ao de Neuschwanstein, que fica em Fussen, na Alemanha.
Pelo que li para escrever esse post, dependendo da época em que a pessoa viajou, havia a opção de visita por conta própria (sem guia) e as fotos eram proibidas. Outras pessoas encontraram o castelo fechado para manutenção. Quando estivemos lá em março de 2015, havia visitas guiadas com duas opções, uma mais compacta que durava 40 minutos e outra mais extensa (a que escolhemos) que durava cerca de uma hora. Nós pagamos pela licença para fotografar o interior da construção e, apesar do preço salgado, acho que valeu muito a pena porque o castelo é lindo demais! A decoração é uma mistureba de estilos que nem sempre se harmonizam, mas achei o resultado simplesmente deslumbrante!
Pátio interno do Castelo Peles
Aliás, pelos relatos que eu li de brasileiros em Peles (foram uns 6), percebi que ninguém quis pagar a taxa para fotos que custa em torno de 10 Euros, mas todos se disseram muito arrependidos quando entraram no salão principal. E a maioria deles classificou Peles como sendo o castelo mais bonito que haviam visitado. Sendo assim, acho que posso dizer que as fotos a seguir não são comuns nos posts dos nossos conterrâneos, rs!
O que mais me impressionou foram os entalhes em madeira que decoram o salão principal porque eu adoro esse tipo de trabalho. Os móveis são repletos de minúncias e o castelo é cheio de passagens secretas que encurtam a distância entre os cômodos. Uma delas fica atrás de uma estante de livros e outra é disfarçada de porta de armário. Muito curioso!
Optamos pela visitação completa e não nos arrependemos. Conhecemos mais alguns cômodos bem interessantes. Vou colocar a seguir mais algumas imagens para que vocês possam ter uma noção do interior do castelo.
Interior do Castelo Peles
Castelo Pelisor
Em seguida, visitamos o Castelo Pelisor, que é menorzinho, mas bem bonito por fora. Foi construído para servir como residência de verão ao sobrinho e herdeiro do rei Carol I, o príncipe Fernando (e futuro rei Ferdinando).
O Marcelo tinha lido que o interior do Pelisor era muito mais simples e menos atraente do que o Peles, mas mesmo assim decidimos pagar a taxa de fotografia. Na minha opinião, dessa vez não compensou porque a construção é bem menos imponente, ainda mais se comparada ao vizinho que tínhamos acabado de visitar.
Depois da visita, passamos por um largo onde havia lojas, restaurantes e hoteis charmosos, mas parecia tudo fechado por causa da época do ano “entre temporadas”.
Então caminhamos até Sinaia, passeamos um pouco pela cidade, comemos alguma coisa e seguimos de trem para Brasov, que serviu como base para os nossos próximos passeios na Transilvânia.
Brasov
Brasov é muito fofa! Adorei o clima da Praça Sfatului, que abriga a antiga prefeitura, transformada em museu de história, o centro de informações turísticas e a catedral ortodoxa da cidade.
Na rua de pedestres que desemboca na praça, há vários cafés, bares, restaurantes e lojas de souvenirs. É o lugar mais animado da cidade, frequentado por turistas e locais.
Museu da História de Brasov
Adoro o clima das cidades pequenas, que é tão diferente das grandes metrópoles! Acho tão aconchegante sentar numa mesa da praça princpal e observar a vida acontecendo lentamente enquanto degusto um café ou uma cerveja. São deliciosos esses momentos de pausa e contemplação!
Torre da Igreja Negra
A Biserica Neagra (Igreja Negra) é uma imensa construção gótica que fica perto da praça e ganhou esse nome por causa de um incêncio que deixou suas paredes escurecidas.
No topo do monte Tampa há um letreiro no estilo “Hollywood” com o nome da cidade, que à noite fica iluminado.
Letreiro de Brasov iluminado à noite
Na base do monte há um teleférico que faz o trajeto até o topo, mas também é possível chegar até lá por meio de uma trilha na mata. Passamos por trás das letras, admiramos as belas vistas e paramos para tomar uma cerveja no bar que fica lá em cima. Foi bem agradável, apesar do frio.
Vista da Praça Sfatului a partir do Monte Tampa
Caminhar pelas ruelas de Brasov sem destino certo é uma delícia e, por falar nisso, é na cidade que fica a rua mais estreita da Europa com apenas um metro de largura, a Strada Sforii.
Restaram apenas duas torres de observação da muralha que cercava a cidade. Foi de uma delas que tirei essa foto com a Igreja Negra ao fundo.
Igreja de São Nicolau
Mesmo nos afastando do centro histórico, vimos prédios muito bonitos e bem preservados. Brasov é realmente uma gracinha e acho que vale a pena reservar um dia inteiro para explorar a cidade, que geralmente serve como base para visitas a Sighisoara, Bran e Rasnov, que ficam próximas, porém possuem menos infraestrutura e opções de hospedagem.
Sighisoara
Sighisoara é uma citadela pequena e charmosa que está na lista dos patrimônios mundiais da Unesco.
Uma das principais atrações de Sighisoara é a casa onde o Conde Vlad Tepes (ou Vlad Draculea) nasceu. O nobre governou a região no século XIII e morreu com a fama de sanguinário por causa da forma com a qual torturava e matava seus inimigos. Vlad mandava empalar seus desafetos enfiando uma lança comprida no "fiofó" dos sujeitos e a manuseava cuidadosamente com o objetivo de não atingir os órgãos vitais. A ponta da lança saía pelo crânio com os inimigos ainda vivos. Em seguida, ele fincava a lança verticalmente no chão e os caras escorregavam lentamente, morrendo aos poucos de forma bastante dolorosa. Em alguns casos, demorava dois dias até o suspiro final. Diz a lenda que Vlad gostava de passear por seu "jardim de empalados" admirando suas conquistas.
De tão bizarro, o nobre romeno inspirou Bram Stoker a escrever seu romance. O escritor ficou tão fascinado com o ar misterioso do conde e da região onde viveu, que criou o personagem Drácula, ícone do vampirismo.
Retrato de Vlad Tepes na CASA VLAD DRACUL
Na Romênia, Vlad é visto como um herói patriota e um homem justo que punia qualquer crime ou ofensa com a morte. Ele viveu no século XV e teve um papel fundamental na vitória sobre os turcos, sendo responsável pela independência do país.
A casa onde Vlad nasceu é hoje um restaurante que fica no centro histórico de Sighisoara, mas eles abrem à visitação o quarto que pertencia ao nobre. Como o ingresso era barato, fomos lá conferir o que havia no cômodo. É meio bobinho, não há uma reconstituição do mobiliário original, só um senhorzinho vestido de Drácula que se levanta de um caixão no momento em que os visitantes penetram no recinto. Além disso, há outro cômodo com um retrato (foto acima) e uma escultura do Vlad, decorado com tecidos vermelhos e velas para criar uma ambientação propositalmente sinistra.
Apesar de ter tido um morador célebre, Sighisoara possui outros atrativos além da casa do “Conde Drácula”.
A citadela é pequena e nos surpreendemos quando percebemos que conseguimos circular por todos os cantos e entrar em todas as igrejas em meio dia. Infelizmente, depois que terminamos de almoçar, descobrimos que os museus estavam fechados e assim não conhecemos a Câmara de Tortura nem subimos os 102 degraus da Torre do Relógio, o cartão postal da cidade. Mesmo assim, acho que metade de um dia é tempo suficiente para visitar Sighisoara. Basta ficar atento aos horários de visitação.
A Torre do Relógio foi construída no Século XIII e restaurada entre os séculos XVII e XIX.
Como em qualquer centro histórico de cidade medieval, o mais gostoso é se perder pelas ruelas da cidade sem destino certo. Sighisoara é bem pacata e quase não vimos movimento fora do centrinho.
Do lado oposto à praça, na outra ponta do centro histórico, há uma pitoresca escada de 175 degraus construída no século XVII sob um telhado de madeira.
A parte baixa da cidade tem poucas características medievais, mas descobrimos um cantinho aconchegante onde fizemos uma pausa para comer pizza com cerveja.
Interior da Igreja Ortodoxa de Sighisoara
No caminho de volta até a estação de trem, passamos novamente pela igreja ortodoxa da cidade, no interior da qual as fotos eram permitidas, oba! Adoro a ornamentação dessas igrejas, que geralmente são recobertas de pinturas ou mosaicos bem coloridos e muitos detalhes dourados.
Bran
Outra atração obrigatória na Transilvânia é o Castelo de Bran, mais conhecido como Castelo do Drácula, apesar da improbabilidade do Conde Vlad tê-lo habitado. Ao contrário da propaganda feita para os turistas, o local não consta em nenhum registro histórico como residência do monarca. Pelo que pesquisei, a confusão foi criada quando o escritor Bram Stoker descreveu um castelo em seu livro que se parecia com Bran.
Atualmente, o castelo abriga um museu aberto ao público, exibindo peças de arte e mobiliário colecionados pela Rainha Maria. As visitas podem ser livres ou guiadas.
Construído em 1211 por cavaleiros teutônicos, o Castelo de Bran possui 57 quartos e nenhum banheiro. É considerada uma das mais importantes atrações turísticas da Romênia.
Lago congelado no jardim do Castelo de Bran
Antes de chegar no castelo, lemos alguns relatos sobre ele e em praticamente todos havia a menção de que a atração estava sempre lotada de turistas, causando um certo desconforto durante as visitas. Conforme pudemos perceber, essa é uma característica da alta temporada porque, em meados de março, só havíamos nós dois e mais alguns pequenos grupos visitando o local. Foi bem tranquilo.
Outra coisa que acho legal mencionar é que em vários relatos as pessoas se diziam decepcionadas com o interior do castelo e achavam que não valia a pena entrar para conhecê-lo. Nós começamos a visita sem muitas expectativas e talvez por isso mesmo achamos o interior interessante, apesar de simples. Pode ser que no verão, com uma multidão de gente se esbarrando nos estreitos corredores e escadas, seja incômodo, mas na época em que estivemos lá, acho que valeu a pena pagar o ingresso.
Detalhe de um cômodo no interior do castelo
Pátio interno do Castelo de Bran
Rasnov
De Bran, seguimos para Rasnov de taxi. O Marcelo já tinha pesquisado o valor da corrida e negociou um preço fechado com o motorista, que depois ofereceu de nos esperar em Rasnov e nos levar de volta a Brasov, de onde tínhamos vindo de ônibus. Achamos que o valor proposto era justo e aceitamos a oferta.
A Fortaleza de Rasnov foi construída no século XIII, época em que a região era habitada por imigrantes de origem germânica. Sua função era proteger os camponeses das invasões inimigas.
Torre de observação da Fortaleza de Rasnov
Entrada da citadela
Dentro das muralhas, o que mais se vê são ruínas, mas restaram algumas casas que atualmente funcionam como lojas de souvenirs.
Vista da cidade de Rasnov
Lá de cima pudemos contemplar belas paisagens emolduradas pelas montanhas Bucegi, que fazem parte dos Cárpatos que separam a Transilvânia do resto do país.
Sibiu
Sibiu é mais uma cidade lindinha que adoramos conhecer na Romênia. Chegamos bem tarde vindos de trem de Brasov e pernoitamos lá.
Foi só no dia seguinte que eu saí para conhecer a cidade e logo me encantei com as suas casinhas coloridas, ainda mais bonitas quando iluminadas pelo sol.
Sibiu é um dos maiores centros culturais da Romênia e durante o ano a cidade recebe vários festivais artísticos e apresentações musicais.
O ponto principal de Sibiu é a Piata Mare, que abriga o Museu Brukenthal, a Igreja Jesuíta e a Torre do Conselho, onde subimos para tirar algumas fotos panorâmicas da cidade.
Como só tínhamos algumas horas para conhecer Sibiu antes de seguir para Timisoara, não entramos em nenhum museu, mas circulamos bastante pelas áreas turísticas e deu pra sentir bem a atmosfera da cidade.
Fachadas de Sibiu
O dia estava lindo e na hora do almoço havia bastante gente circulando pela praça principal ou almoçando na área externa dos restaurantes, curtindo o sol nas mesas ao ar livre.
O interior da Igreja Ortodoxa de Sibiu foi um dos mais lindos que vi nessa viagem e, felizmente, as fotos não eram proibidas.
Uma das 39 torres das muralhas de Sibiu ao fundo
Um dos cantinhos fofos da cidade
Antes de encerrar nosso passeio pela cidade, fizemos uma pausa para almoçar no restaurante CRAMA SIBIANA e pedimos um prato típico com cinco cortes de carne de porco para duas pessoas. Como acompanhamento, havia picles, batatas fritas rústicas (com casca) e molho de mostarda forte. Estava delicioso! A comida tradicional romena é assim mesmo, bem gordurosa e com ênfase na carne, principalmente a de porco. Li que eles acham estranho quando alguém pergunta por um restaurante vegetariano, coisa rara por lá.
Timisoara
Não encontrei nenhum relato de brasileiros em Timisoara. Deve existir, mas eu realmente não achei. Como mencionei anteriormente, a maioria dos turistas usa Bucareste somente como ponto de chegada para a Transilvânia, visita as cidades principais e vai embora.
Timisoara ganhou notoriedade internacional em 1989, quando foi palco de uma revolução que derrubou o governo comunista do ditador Nicolae Ceausescu. A manifestação foi sufocada violentamente pelo exército e pela Polícia Secreta (Securitate), com a morte de mais de 2 mil manifestantes (dados da época). O desfecho trágico da manifestação fez com que protestos contra o governo se intensificassem a ponto do exército se confraternizar com o povo, quando a rebelião ganhou as ruas da capital, precipitando a queda de Ceausescu. O ditador tentou fugir, mas foi capturado, julgado e executado em 25 de dezembro.*
*Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Timi%C8%99oara
Foi esse o motivo de termos ficado um dia inteiro em Timisoara. O Marcelo se interessa muito por história e queria conhecer o Museu da Revolução. O museu é interessante, mas precisa urgentemente de reformas. Gostei muito do filme que vimos antes de iniciar a visita. Aliás, achei que o filme foi a melhor parte da visita, bem didático e informativo.
Praça Unirii em obras
As fotos acima são da Praça Unirii, um dos cartões postais de Timisoara. Infelizmente (e felizmente, ao mesmo tempo), a cidade estava passando por uma mega reforma na época da nossa visita. A praça das fotos acima é lindíssima, pelo que pude constatar nas imagens que encontrei no Google. Não deu pra curtir esse espaço do jeito que a gente gostaria, mas em 2016 os visitantes vão poder aproveitar uma praça novinha e, provavelmente, ainda mais bonita.
Praça Libertăţii
Centro cultural abrigado num dos antigos bastiões da cidade
Rio Bega
Foi na Praça Victoriei que cem mil pessoas começaram a entoar protestos anti-governamentais: "Noi suntem poporul!" ("Nós somos o povo!"), "Armata e cu noi!" ("O exército está conosco!"), "Nu vă fie frică, Ceauşescu pică!" ("Não tenham medo, Ceauşescu cairá").* Por esse motivo o local é considerado o berço da Revolução Romena de 1989.
*Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Timi%C8%99oara
Praça Victoriei
Atualmente, a praça é um lugar bem agradável ladeado por cafés, bares e restaurantes simpáticos e um jardim que estava começando a florescer em meados de março, mas que fica coloridíssimo no auge da primavera, pelo que pude perceber em fotos diversas.
A Catedral Ortodoxa de Timisoara foi uma das maiores que visitamos nessa viagem e é linda por dentro.
Interior da Catedral de Timisoara
Praça Victoriei com iluminação noturna
Ópera de Timisoara com iluminação noturna
Eu quase sempre viajei para a Europa na baixa temporada, o que eu prefiro porque as atrações estão mais vazias e são mais baratas. A passagem aérea também sai muito mais em conta. No verão eu acho que tem gente demais e alguns lugares ficam simplesmente intransitáveis, o que me dá agonia. Mas há uma vantagem de viajar quando as temperaturas sobem: as cidades ficam mais vivas, alegres e muitos eventos só acontecem na alta temporada, como cinema ao ar livre, shows e concertos gratuitos, feiras medievais com comida típica etc. Acho que o ideal mesmo é viajar em maio ou setembro, meses com temperaturas amenas.
No próximo post, vou escrever sobre as nossas experiências na Sérvia, Bósnia-Herzegovina e Bélgica.
Um grande beijo pra todos com votos de viagens maravilhosas!!!!
22 comentários:
Tudo lindo e maravilhoso, lindas fotos !
Desafio: achar um papel de bala no chão.
Apesar da reforma na praça, nem assim tinha 'sujeira' . Adoro a mentalidade dessa gente.
beijinho
@Cintia FumagalliSuper interessante seu comentário, Cintia! Os europeus nem devem reparar no chão de outros países europeus, mas eu sempre reparo, não tem como! É muito diferente da nossa realidade, fico pasma com a limpeza das cidades. Mesmo em países mais pobres, como a Romênia, é difícil ver lixo no chão. Acho que é a noção do "bem comum" e de "coletividade". A rua é pública e isso quer dizer que é de todo mundo e todo mundo deve cuidar, né? Beijão!
Adoro suas fotos!!
bjokas =)
@BellObrigada, Bell! Fico feliz que goste da minha visão, rs! Beijão!!!!
Nossa, eu não dava nada pra essa parte da europa, mas depois de ler seu relato mudei de opinião! Que lugar lindo e cheio de história!
Você chegou a ver muitos ciganos por lá? Lembro de ter visto um documentário sobre a Romênia falando que tinham muitos ciganos.
Suas fotos ficaram lindas! As fotos de dentro do castelo valeram e muito os 10 euros, que construção linda, cheia de detalhes! Amo construções antigas, nem dou bola pra essas torres de vidro que a gente tem hoje, prefiro uma igrejinha velha em qualquer momento!
@Juliana MoreliOi, Juliana! Muito legal o seu comentário, obrigada pelo elogio! Eu acho que o mundo tem muitos cantinhos interessantes, a gente tem que dar uma chance a eles, rs! O curioso é que não vi muitos ciganos na Romênia e também me surpreendi... eu achei que encontraria vários, mas não!Eu também adoro construções antigas e, principalmente, medievais, de quando o Brasil ainda estava sendo descoberto ou antes disso! Um beijão e ótimas viagens pra vc!
Katita, amei Sinaia e o café da outra localidade que as cadeiras estão cobertas com chalés lilás! Já tinha visto no face e amei!!! Fotos lindas e viagem igual!!! Beijos
@MartaOi, Martinha! Os castelos são lindos mesmo e as cidades são pequenas, fofas e super aconchegantes! Beijão!
Lugares incríveis, imagens de tirar o fôlego. Tenho um amigo que é apaixonado por Romênia, estuda a língua e tudo sobre ela, sua intenção é morar lá. Agora começo a entender o por quê.
Aguardando ansiosa a parte II da viagem.
@Priscila VargasObrigada, Priscila! Eu adorei a Romênia, gostei mais do que imaginava, na verdade. Oba, que bom que está aguardando a parte 2! Talvez eu demore um pouquinho a postar, mas prometo caprichar! Beijão!
@Priscila VargasObrigada, Priscila! Eu adorei a Romênia, gostei mais do que imaginava, na verdade. Oba, que bom que está aguardando a parte 2! Talvez eu demore um pouquinho a postar, mas prometo caprichar! Beijão!
Como sempre fotos lindíssimas e inspiração para viajar por esses lugares que você sempre descobre!!! Demais!!! Parabéns!!!
@cris paivaMuito obrigada, Cris! Fico feliz que tenha gostado do meu relato! Viajar é bom demais, né? Beijão!
Pra variar ADOREI o post!!
Bj
Pra variar ADOREI o post!
Bj
Que fotos divinas, estou impressionada!
Estou planejando uma viagem com o roteiro muito parecido e amei seus relatos!
@AngelaObrigada, querida! Fico feliz com seu feedback! Beijão!
@Ro TemporãoMuito obrigada, Rô! Adorei essa viagem e estou preparando a parte 2 para publicar em breve! Espero que goste também desse segundo relato e que você encontre algumas dicas úteis que possam ajudar na sua viagem. Um beijão e seja sempre muito bem-vinda!
Kátia! Muito legal teu relato! Sempre inspirador!
Vamos em Fevereiro para Romênia, estou ansiosa!!!
Linda suas fotos! Fico horas horas lendo teu blog.
Um beijo!
@ReginaOi, Regina!!!! Super obrigada pela visita e comentário carinhoso! Fico muito feliz que tenha gostado desse resumão! Espero que você fique tão encantada com a Romênia como eu fiquei! Super beijo e ótimas viagens!
Nossa, amei todas as informações. Estou indo para Romênia semana que vem.E vou fazer exatamente esse roteiro.Mais encantada ainda com seu relato.Muito obrigada.
Nossa, amei todas as informações. Estou indo para Romênia semana que vem.E vou fazer exatamente esse roteiro.Mais encantada ainda com seu relato.Muito obrigada.
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