segunda-feira, 23 de junho de 2014

Resumão das férias na Índia – Parte 1: Delhi

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Túmulo de Isa Khan

Antes de sair do Brasil, li bastante sobre a questão do choque cultural que os ocidentais enfrentam quando visitam a Índia. Ouvi tantos relatos que fiquei preocupada e corri atrás de informações mais detalhadas, dando prioridade aos blogs de brasileiros que viajam por conta própria, assim como nós. Viajar desse modo é mais econômico e nos permite passar o tempo que quisermos nas atrações que decidimos conhecer, o que não acontece quando fazemos parte de um grupo ou excursão. Essa liberdade nos agrada muito e é por isso que desde 2010 o Marcelo organiza nossos roteiros. Eu acho meio chatinha essa parte logística, mas ele não se incomoda de pesquisar sobre hotéis, transportes, restaurantes etc. e normalmente eu confio no bom senso dele, rs! Dou alguns pitacos, mas só vejo a lista das cidades que vamos visitar pouco antes de partir.

Dessa vez foi diferente porque eu sabia que essa viagem não seria como as que fizemos para a Europa, onde é muito fácil se deslocar, pedir informações, interpretar mapas e resolver imprevistos. Há alguns anos, estive no Egito e na Tunísia protegida pela “redoma” da excursão, me senti segura e amei a experiência, mas na Índia estaríamos completamente sozinhos, o que me deixou tensa.

Depois de 20 dias no país, pude fazer um balanço da viagem e constatar que eu tinha me preparado tanto antes de ir que nada do que vi me chocou ou surpreendeu além do esperado. Eu não odiei a Índia nos primeiros dias, como grande parte dos blogueiros relatou. Tudo era exatamente como eu imaginava, o que me leva a crer que muita gente não faz essa preparação/pesquisa antes de embarcar numa aventura como essa. Entretanto, tive um choque cultural sim: pela primeira vez na vida, me vi no papel de “turista gringa bobinha pára-raio da malandragem local que pensa que estrangeiro tem dinheiro sobrando e inventa mil maneiras para tentar tirá-lo de você”. Os picaretas indianos não são nada diferentes dos picaretas brasileiros, tenho total consciência disso, mas a questão é que aqui no Brasil eu sou local, então ninguém vem dar uma de esperto pra cima de mim. Lá era diferente e aos poucos vou contar pra vocês os episódios de malandragem explícita a que fomos submetidos. Agora acho tudo muito divertido, mas foi chato quando aconteceu.

Para terminar essa introdução, vou copiar aqui um comentário do Marcelo que achei bem pertinente:

“Seguramente a Índia não é para viajantes inexperientes. Você tem de lidar com muita malandragem e negociar muita coisa. Acho isso mais complicado para um viajante inexperiente do que ter de lidar com as condições de higiene (que são diferentes) e a sujeira (que é ostensiva). Alguém já disse aqui que, se você tem medo de barata, não vá para a Índia. É por aí”.

Dito isso, preciso afirmar que é possível amenizar tudo o que é desagradável na Índia contratanto uma excursão ou motorista particular, mas não era isso o que a gente queria. Nossa viagem ao Egito teve um padrão 5 estrelas e foi ótima, mas o objetivo na Índia era viver uma experiência mais autêntica. Como tudo na vida, nossas escolhas tiveram prós e contras, mas ficamos felizes com o que vivenciamos e certamente aprendemos bastante sobre essa cultura tão rica e cheia de contradições. Resumindo: valeu a pena!

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Túmulo de Isa Khan

Chegamos no hotel BLOOMROOMS em Delhi por volta das 4h da manhã e fomos direto dormir pra recuperar as energias depois de mais de 20 horas de viagem entre voos e tempo de espera pelas conexões. O bairro onde nos hospedamos (Paharganj) é bem caótico, mas gostamos do hotel simples, porém aconchegante, limpo e com design moderno e fofo.

Acordamos algumas horas depois dispostos a explorar a cidade e começamos a fazer isso por Connaugh Place. Nesse primeiro deslocamento pudemos perceber que andar pelas ruas de Delhi não era algo agradável e assim comprovamos, como já era previsto, que não caminharíamos muito e que os tuk-tuks (ou auto-riquixás) seriam nosso principal meio de transporte. O metrô de Delhi é bem moderno e atende boa parte da cidade. Assim como no Rio de Janeiro, fica lotado na hora do rush e há um vagão só para mulheres. O curioso é que existem detectores de metais em todas as estações e os passageiros precisam necessariamente passar por eles antes de embarcar.

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Túmulo de Isa Khan

O primeiro dia de viagem caiu numa segunda-feira, quando várias atrações da cidade estavam fechadas. O Marcelo havia pesquisado antecipadamente no guia LONELY PLANET o que estaria funcionando e lá fomos nós seguir esse roteiro. Nossa primeira parada foi o Túmulo de Humayun/Humayun's Tomb, mas antes passeamos pelos jardins, pelo túmulo e pela mesquita de um nobre afegão chamado Isa Khan.

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Túmulo de Isa Khan

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O Túmulo de Humayun/Humayun's Tomb é o mais antigo mausoléu mogol de Delhi, sendo considerado uma das mais extraordinárias construções históricas da cidade.

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O mausoléu foi construído por um arquiteto persa contratado pela viúva do imperador Humayun no século XVI e faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco desde 1993.

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A sua importância arquitetônica-paisagística é vista sobretudo no fato de ter fundamentado a concepção que une mausoléus a jardins. Assim, seria também modelo do Taj Mahal, em Agra.*

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Detalhe das janelas vistas de dentro do mausoléu

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Família sikh visitando o Túmulo de Humayun

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India Gate

Na saída da atração, fomos comprar uma garrafa de água e o Marcelo aproveitou para perguntar ao vendedor quanto sairia uma corrida até o India Gate. Ele respondeu que seria algo em torno de 70 rúpias, mas pediu pra gente não dizer ao motorista do tuk-tuk que ele nos deu essa dica. Isso acontece porque, conforme relatei no post sobre as comprinhas que fiz no país, a maioria dos indianos acredita que os estrangeiros devem ser sobretaxados e começam a negociação jogando o preço nas alturas. Não deu outra, mas a gente fechou a corrida por 70.

O India Gate lembra o Arco do Triunfo, possui 42 metros de altura e foi construído em homenagem aos soldados mortos na Segunda Guerra Mundial e nas Guerras Afegãs.

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Raj Path

Atravessamos a rua para conhecer o Raj Path, uma extensa via que leva até os edifícios governamentais (Secretariat). No caminho, um motorista de tuk-tuk nos ofereceu o transporte por 20 rúpias e topamos.

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Nosso primeiro tuk-tuk

Como de costume, o cara foi extremamente atencioso, mas com o passar dos dias, descobrimos que a simpatia dos vendedores e motoristas sempre vinha acompanhada de segundas intenções. Ele perguntou para onde iríamos em seguida e ofereceu de nos levar lá. Mais tarde, nos apresentou uma loja para turistas e sugeriu que pegássemos um ônibus do tipo “hop-on-hop-off” numa agência de viagens específica. É claro que ele ganharia uma boa comissão nos dois estabelecimentos, mas nosso interesse era explorar a cidade no nosso ritmo e, portanto, declinamos a oferta.

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Curtimos um pouco a área dos prédios governamentais e atentamos para o fato de que nessa parte da cidade as ruas e calçadas eram limpísssimas e completamente fora do padrão indiano que vou mostrar mais adiante.

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Secretariat

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Secretariat

Voltamos para o Tuk-tuk depois de tirar algumas fotos e partimos em direção ao centro. No caminho, o motorista parou no Laxminarayan Temple (ou Birla Mandir), um interessantíssimo templo hindu inaugurado por Ghandi no final dos anos 30.

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Laxminarayan Temple ou Birla Mandir

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Laxminarayan Temple ou Birla Mandir

Infelizmente não era possível tirar fotos no interior do templo, mas a construção possui vários cantinhos curiosos, incluindo varandas, janelas, pátios, sacadas, estatuetas coloridas etc. Essa parada não estava nos nossos planos, mas gostamos muito do que vimos. Foi uma boa surpresa!

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O motorista nos deixou no Connaugh Place, não por acaso em frente à tal agência de viagens que ele recomendou. Entramos e o Marcelo aproveitou para confirmar se a próxima atração que planejávamos visitar estava aberta. A resposta foi a seguinte: “Não, na segunda-feira fecha tudo”. Vimos outra agência ali perto e resolvemos confirmar a informação. A resposta foi idêntica, mas o guia LONELY PLANET dizia o contrário. Como uma das dicas que lemos em relatos de estrangeiros na Índia era que não dava pra confiar na informação de quem quer te vender alguma coisa (no caso, um tour ou o passeio no ônibus “hop-on-hop-off”), perguntamos se a Humayun's Tomb (que visitamos mais cedo) estava aberta. Foi um teste. A resposta novamente foi negativa e aí tivemos a certeza de que estávamos sendo enganados. Resultado: pegamos o metrô e chegamos em Purana Qila sozinhos.

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Entrada principal de Purana Qila

Purana Qila é o forte mais antigo de Delhi que abriga as ruínas da velha cidade erguida pelo imperador Humayun.

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Humayun Darwaza

As construções poderiam estar mais bem conservadas, mas gostamos muito do clima de Purana Qila e observamos que muitas famílias e casais gostam de se sentar no extenso gramado debaixo da sombra das árvores para passar o dia e relaxar.

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Mesquita Qila-i-kuhna

A Mesquita Qila-i-Kuhna foi construída em 1541 e tem sua fachada revestida por mármore vermelho e branco. O prédio é o mais bem preservado de Purana Qila.

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Interior da Mesquita Qila-i-kuhna

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Detalhe no interior da Mesquita Qila-i-kuhna

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Qutub Minar

Nossa próxima parada foi Qutub Minar, que ficava distante de Purana Qila e a gente não tinha certeza se estava aberto. Como era impossível confiar na informação das agências de turismo, achamos que valia a pena arriscar e pegamos um tuk-tuk até a estação de metrô mais próxima.

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O Qutub Minar é o minarete de tijolo mais alto do mundo com 72,5 metros de altura, sendo que sua base tem 14,3 metros de diâmetro. É também um famoso exemplar da arquitetura indo-islâmica e foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco em 1993.

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Toda a parte externa do minarete é marcada por esculturas detalhadas e versos do Corão. Acredita-se que ele foi construído como um símbolo de vitória no início do domínio muçulmano na Índia. Ao redor dele encontram-se vários exemplos da arquitetura indiana do século XIII.

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O mesmo complexo abriga as ruínas da primeira mesquita da Índia. A Quwwat-ul-Islam foi edificada para assinalar o nascimento do primeiro reino muçulmano do norte do país. De acordo com uma inscrição sobre o portão ao leste, a mesquita foi construída com o material obtido de 27 templos hindus demolidos.

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Detalhes das pilastras ricamente trabalhadas

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Outras construções importantes do complexo são o Portão Alai, o Alai Minar, o Pilar de Ferro e os túmulos de Iltutmish, Alauddin Khilji e Imam Zamin, cercado por ruínas de templos jainistas.

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O local também sedia todos os anos o "Qutub Festival", realizado em novembro e dezembro, no qual artistas, músicos e dançarinos fazem apresentações ao longo de três dias. O complexo Qutub, com 3,9 milhões de visitantes, foi o monumento mais visitado da Índia em 2006, à frente do Taj Mahal, que atraiu cerca de 2,5 milhões de visitantes.*

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Alai Darwaza Gate

Já no fim da tarde, retornamos para Paraghanj, o bairro caótico onde nos hospedamos. A ideia era percorrer o Main Bazaar e jantar num dos restaurantes recomendados pelo guia LONELY PLANET nos arredores.

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Lá tivemos contato com a Índia padrão, digamos assim: muito lixo, esgoto à céu aberto, trânsito confuso, sinfonia de buzinas, ruas estreitas sem calçada e gente se esbarrando. O pedestre parece ocupar o último lugar no ranking das preferências no trânsito. Curiosamente, em Delhi a gente não viu nenhuma vaca.

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Entramos no SAM´S CAFE e conseguimos uma mesa perto da janela. Pedimos uma garrafa de KINGFISHER, que experimentamos pela primeira vez na Austrália e não achamos nada de mais, porém na Índia havia poucos rótulos disponíveis e essa era a única opção de cerveja local. Provamos uma porção generosa de cogumelos assados no carvão recheados com queijo e legumes, além de bolinhos de espinafre com ervilha, que vieram bem sequinhos, decorados com uma castanha de caju no meio. Para acompanhar, paratha com alho e naan com queijo, os deliciosos pães típicos indianos. Estava tudo saborosíssimo!!!!

Foi aí que começamos nossa experiência vegetariana. Passamos 20 dias sem comer qualquer tipo de carne e isso não foi sacrifício nenhum porque a comida indiana é maravilhosa, temperada com especiarias que provocam verdadeiras explosões de sabor. Como 40% dos indianos são vegetarianos, há uma grande variedade de pratos com criativas combinações de ingredientes.

Nós já éramos fãs da culinária indiana desde meados dos anos 90 e descobrimos que, na Índia, a comida é ainda melhor do que nos outros cantos do mundo onde a experimentamos, incluindo o Brasil. O que nos surpreendeu foi que esperávamos pratos mais apimentados. O Marcelo disse que alguns pratos que preparo em casa tem mais pimenta do que os indianos, rs!

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Fachada do Red Fort/Forte Vermelho

Choveu bastante de madrugada e acordamos cedo no dia seguinte. No fim da tarde pegaríamos o trem para Jaipur e então fizemos o checkout, deixando nossa bagagem no hotel até a hora de ir para a estação. De lá seguimos para o Red Fort/Forte Vermelho.

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O Forte Vermelho é um grande exemplo da arquitetura indiana e recebeu esse nome por causa das pedras vermelhas usadas nas paredes desse complexo monumental.

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Localizado na região hoje conhecida como Old Delhi/Velha Delhi, o forte foi construído no século XVII. Na época, o soberano era Shah Jahan, o construtor do Taj Mahal. Após a morte da esposa, ele decidiu transferir a capital do reino (até então sediada em Agra) e não poupou esforços nem recursos na tarefa de criar a cidade real. Palácios adornados de ouro, prata e pedras preciosas, ladeados por jardins das mil e uma noites, ganharam vida a partir dos desenhos dos arquitetos reais. As riquezas e parte da construção, entretanto, não resistiram aos saques e à deterioração. Ainda assim, o muito que restou do Forte Vermelho ainda permite vislumbrar a opulência daqueles tempos remotos.*

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No passado, onze palácios (mahals) ocupavam seu interior. O destaque eram os salões para audiências, onde o imperador recebia oficiais e embaixadores estrangeiros. Em um deles, uma inscrição não deixa dúvidas sobre a opinião de Shan Jahan: "Se há um paraíso na terra, é esse!".*

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O palácio da foto acima foi concebido como uma réplica do paraíso descrito no Corão, embora também contenha elementos de influência hindu.

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Nesse impressionante monumento, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, também merecem destaque os apartamentos imperiais privados, os hammam (banhos turcos) e a fonte em forma de lótus do palácio das esposas e amantes.

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Eu adoro reparar nos detalhes minunciosos dessas construções e fico encantada com tanto capricho e dedicação. É uma pena que hoje em dia a gente só possa vislumbrar uma pequena parte do que o Red Fort foi nos seus tempos áureos, mas mesmo assim, a visita impressiona.

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Detalhes no interior dos arcos do palácio

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Red Fort/Forte Vermelho

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Foi no Red Fort que eu comecei a tirar fotos dos indianos super simpáticos que vinham puxar assunto conosco. Conforme já havia lido em relatos de viajantes, os estrangeiros exercem fascinação sobre os locais e a gente se sente como uma celebridade, rs! Apesar de ouvir muito sobre o assédio e os penetrantes olhares masculinos, a verdade é que mulheres e crianças de todas as idades também nos vêem com admiração e curiosidade. E eles encaram mesmo, sem disfarçar, depois trocam sorrisinhos e vem conversar com a gente, pedem para tirar fotos (muitas!!!!) e se despedem. Aproveitei a oportunidade para fazer alguns registros e descobri que eles também adoram ser fotografados, como vocês podem conferir a seguir.

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Não sei explicar o motivo desse fascínio, mas tenho a impressão de que a maioria do pessoal que pediu pra tirar foto com a gente eram turistas indianos que estavam viajando pelo país e tiveram pouquíssimo ou nenhum contato com estrangeiros. Por isso nosso modo de vestir, corte de cabelo, cor da pele e linguagem corporal chama tanta atenção.

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Depois da visita ao Red Fort, o Marcelo sugeriu que caminhássemos um pouco por Chandny Chowk, uma rua que é um mercadão. Tinha tudo quanto é tipo de loja vendendo qualquer coisa que a gente pudesse imaginar. Essa área é tão caótica quanto o bairro onde estávamos hospedados. Mas lá havia calçada e as ruas eram mais amplas.

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Vendedores de flores em Chandny Chowk

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Vendedor de legumes em Chandny Chowk

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Vendedora de especiarias em Chandny Chowk

Além de lixo, havia muito entulho pelas ruas. Carros parados atravancavam o trânsito de uma maneira inconcebível para os nossos padrões. Num dos posts que li antes de viajar, uma menina escreveu que “Na Índia você vai descobrir que o trânsito de São Paulo é maravilhoso”. É por aí mesmo! A toda hora parecia que alguém seria atropelado ou que haveria uma colisão fatal, mas nada acontecia. Houve momentos em que eu fechava os olhos porque achava que a gente ia bater ou capotar. Era uma aventura e eu morria de medo. Penso que os indianos ficaram tão acostumados à essa insanidade no trânsito que se tornaram ótimos motoristas, rs!

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Nossa próxima parada foi Jama Masjid, a principal e maior mesquita da Índia. Vou confessar pra vocês que fiquei meio decepcionada quando soube disso porque a mesquita é bonita, mas não tem comparação com as que conhecemos na Turquia, muito mais impressionantes e monumentais.

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Assim que chegamos, soou o chamado para a oração na mesquita e fomos barrados pelos caras que controlavam a entrada na atração. Eles alegaram que era momento de oração e que somente muçulmanos poderiam entrar, mas a verdade é que indianos de outras religiões também estavam entrando.

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Num dos relatos que li para escrever esse post, uma menina contou que viu uma dupla de estrangeiros discutindo com os “porteiros” da mesquita porque eles tinham acabado de pagar para entrar quando soou o chamado para a oração e então foram barrados. Até aí tudo bem, mas a questão é que os caras não queriam devolver o dinheiro dos gringos! Malandragem é o que não falta na Índia e, depois de passarmos por algumas situações desse tipo, ficamos com os radares ligados. Minha dica para quem vai fazer uma viagem por conta própria pelo país é: desconfie sempre! Você não precisa se preocupar em ser assaltado na Índia, mas provavelmente vão tentar te ludibriar diversas vezes.

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Teoricamente, quem não é muçulmano e carrega alguma câmera precisa pagar para visitar a mesquita, mas na prática só os estrangeiros pagam para entrar e são proibidos durante a oração, independentemente de sua religião. A mesquita é bem grande e tem uma fachada bonita, mas fiquei decepcionada com seu interior, que é extremamente simples para o padrão que me acostumei a ver em países muçulmanos.

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Se você for mulher e não estiver bem coberta, vão te vestir com uma “roupitcha” linda como essa que estou usando na foto. O véu é indispensável no interior da mesquita e, sabendo disso, eu sempre levava um dentro da bolsa.

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Aqui também teve sessão de fotos com turistas indianos. Uma curiosidade é que, apesar do calor que beirava os 40 graus, praticamente toda a população masculina usava camisas de manga comprida. Aliás, essa vestimenta é padrão e não lembro de ter visto indianos com camisetas de malha.

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Detalhe do lustre no interior da Jama Masjid

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Os visitantes podem subir ao topo de um dos minaretes da mesquita, mas é necessário pagar uma taxa para isso. Tudo bem, pagamos lá embaixo, mas lá em cima rolou uma picaretagem, conforme o relato do Marcelo:

“Perto da entrada para o minarete, tinha um funcionário ou voluntário da mesquita que dizia que não poderíamos subir carregando sapatos. E que teríamos de pagar para subir com câmeras. Falei que já tínhamos pago para entrar com a câmera e que já tínhamos pago para subir no minarete. O cara argumentou que para subir com câmera tinha uma nova taxa. Acho que eram 200 rúpias que ele queria. Falei que então não ia subir. E aí ele falou pra subir e deixar uma gorjeta na volta. A velha malandragem de sempre. Seguramente não tem de pagar droga nenhuma a mais. Subimos, curtimos e descemos. Pegamos nossos calçados e deixei uma merreca para o cara (devia ter deixado era nada)”.

Como vocês podem perceber, o cara estava sendo desonesto de qualquer jeito. Se houvesse realmente uma taxa extra para subir com a câmera, o pessoal lá de baixo a teria cobrado, mas quando o Marcelo ameaçou não subir, ele disse que valia a pena e que ele poderia “quebrar o nosso galho” se a gente deixasse uma gorjeta. Então quer dizer que ele estava roubando dinheiro que teoricamente seria usado na manutenção da mesquita e nós seríamos cúmplices? Ah, gente, esse tipo de picaretagem me tira do sério! Mas esse episódio foi “light” e, como eu tinha saído do Brasil psicologicamente preparada para ser tolerante, deixei passar…

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Vista do pátio interno da mesquita a partir do topo do minarete

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Raj Ghat

Saindo da mesquita, seguimos para o Raj Ghat, depois de uma acirrada concorrência de preços entre os motoristas de ciclo-riquixá. É impossível não ter pena dos caras que pedalam debaixo de um sol inclemente no meio daquele trânsito maluco. Alguns deles parecem ter mais de 60 anos e estão visivelmente cansados. Dava uma dor no coração e por isso a gente normalmente preferia pegar os auto-riquixás, que são motorizados.

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O Raj Ghat é um espaço amplo e bonito onde estão guardadas as cinzas de Mahatma Gandhi, personagem emblemático da independência indiana. Uma chama eterna repousa sobre a plataforma de mármore negro.

Pegamos um tuk-tuk que deu uma longa volta até chegar a Pharaganj, resgatamos as mochilas no hotel e pegamos outro transporte até a estação de trem, de onde seguimos rumo a Jaipur.

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Nosso trem já estava na plataforma quando chegamos. O vagão tinha dois andares, ar condicionado e era razoavelmente confortável. O banheiro, conforme imaginávamos, era do tipo indiano, com um buraco no chão e um cheiro desagradável, apesar de aparentemente limpo. A pia tinha até água e sabão, o que nos surpreendeu. Não tinha papel, mas quase nunca tem. Então fica aqui outra dica: leve sempre papel higiênico e/ou lenços umedecidos na bolsa!

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Interior do vagão do trem

Há muitas favelas nos arredores dos trilhos e lá vimos crianças brincando e pessoas cozinhando ao ar livre em meio a montanhas de lixo, presumivelmente habitadas por ratos e baratas. É uma cena perturbadora que pode chocar algumas pessoas. Nós estávamos preparados para ver esse tipo de coisa, mas na hora H a gente não consegue ser indiferente…

 

O QUE FALTOU CONHECER

Nós tivemos somente dois dias em Delhi e precisamos escolher as atrações que visitaríamos em detrimento de outras. Foi só quando comecei a fazer esse relato que vi as fotos dos lugares que não conhecemos e me deu uma imensa vontade de voltar! Os templos que eu visitaria num retorno à Delhi são os seguintes:

 

LOTUS TEMPLE

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Fonte da imagem: http://touristturtle.com/lotus-temple/

O Templo de Lótus foi elaborado pelo arquiteto iraniano Fariborz Sahba, custou 20 milhões de dólares e levou 6 anos para ser concluído. O projeto recebeu várias premiações de arquitetura e apareceu em centenas de artigos de revistas e jornais estrangeiros. O desenho da Casa de Adoração Bahá'í  é inspirado na flor de lótus, que simboliza a pureza e a religiosidade na Índia.*

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Fonte da imagem: http://www.panoramio.com/photo/46795498

Bahai é uma religião mundial independente, com suas próprias leis e escrituras sagradas, surgidas na antiga Pérsia, atual Irã em 1844. Fundada por Bahá’u’lláh, título de Mirzá Husayn Ali (1817-1892), não possui dogmas, rituais, clero ou sacerdócio.*

 

AKSHARDHAM TEMPLE

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Fonte da imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/Akshardham_(Delhi)

O Templo de Akshardham é o maior templo hindu do mundo, construído com a ajuda de 3 mil voluntários e 7 mil artesãos. O complexo é enorme, ocupa uma área de cerca de 100 acres. Foi todo feito com mármore branco de Carrara e arenito rosa do Rajastão.*

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Fonte da imagem: http://www.lallassociates.com/

O Templo Akshardham tem 96 metros de largura, 109 de comprimento e 43 metros de altura. É coberto por baixos-relevos com temas relacionados à história da Índia e à religião hindu. O Templo apoia-se sobre uma base em cuja fachada, numa extensão de 326 metros, foram esculpidos 148 elefantes, 42 aves e outros animais em escala real, além de 125 esculturas humanas e cenários decorativos de árvores, trepadeiras. O elefante tem grande importância na cultura hindu e na história da Índia.*

E por hoje é só, pessoal! No próximo post sobre a viagem à Índia, vou relatar nossas experiências em Jaipur.

Um grande beijo pra todos com votos de uma semana inesquecível!!!!

*Fontes de pesquisa:
http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%BAmulo_de_Humayun
http://pt.wikipedia.org/wiki/Porta_da_%C3%8Dndia
http://en.wikipedia.org/wiki/Secretariat_Building,_New_Delhi
http://en.wikipedia.org/wiki/Laxminarayan_Temple
http://www.viajarpelomundo.com/2012/12/delhi-uma-capital-em-forma-de-caos.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Qutb_Minar
http://www.postaisdeviagem.com/2013/06/qutub-minar-nova-deli-india.html
http://www.expedia.com.br/Qutub-Minar-New-Delhi.d500903.Guia-de-Viagem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_Qutb
http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_Vermelho
http://dreamguides.edreams.pt/india/deli/red-fort
http://www.360meridianos.com/2012/06/o-que-fazer-em-nova-delhi-india.html
http://meuolharsobreindia.wordpress.com/2013/04/30/nova-delhi/
http://viagensculturais.wordpress.com/2010/06/05/templo-de-lotus-amor-e-a-devocao-cristalizados-em-pedra/
http://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_Temple
http://www.epochtimes.com.br/templo-akshardham-o-maior-templo-hindu-mundo/#.U6Fw4_ldW1U 

Bonfa-ass

13 comentários:

Gabriela Rodrigues disse... [Responder comentário]

Quero ir!!! ...Mas com excursão ou com vocês kkkkk...sozinhos nunca!!!!! rsrs....


Que LINDO!!!!
Mas com certeza são tantos lugares pra ver que sempre falta alguma coisa, né???

Adorei o relato e vou adorar os próximos...esperando o Taj Mahal!!!!! rsrs..

beijos,
Gábi


Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Gabriela RodriguesQue legal, Gábi!!!! Eu recomendo excursão mesmo, acho que é a maneira mais confortável e tranquila, rs! Devo demorar um pouco para chegar no Taj Mahal porque falta Jaipur e Kajuraho antes de Agra, mas um dia eu chego lá, rs! Um super beijo!

Chiquita bonecas de pano disse... [Responder comentário]

Que viajem maravilhosa !!! uma experiencia unica !!! viajo com você nas suas aventuras...vou ficar só aguardando a segunda parte. bjs

Carol Vieira disse... [Responder comentário]

Katia, que delícia de post. Me deu mais vontade de ir lá e livres como vocês. Nós acostumados com viagens independentes nem passa pela cabeça excursão. Afff!!

Eu imagino como deve ser... Até na Turquia fomos levemente enganados, imagino na India, rs.

Com seus relatos nos ajuda a ficar esperto para uma viagem para lá.

Na minha viagem para Emirados Árabes e Turquia tinha tantos indianos que parecia estar na India, rs.
A única coisa que me incomodava é que eles tinham um cheiro horrível. Pareciam nunca ter tomado banho na vida. Tinha uns que chegava a dar ânsia. Nos vôos, filas, restaurantes a gente tinha que aguentar, afff!

Beijos lindona!

Ana Maria Braga disse... [Responder comentário]

Katia, gostei do seu post.
As fotos são sempre maravilhosas.
Sinceramente, não tenho vontade de conhecer a India. Ainda tem muitos lugares na Europa que quero conhecer.
Boa semana. Bjs

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Chiquita bonecas de panoMuito obrigada, querida!!!!! Esses posts de viagem são mais trabalhosos, então deve demorar um pouco a segunda parte, mas estou doida pra começar a separar as fotos! Um beijão!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Carol VieiraCarol, eu mudaria um pouco nosso roteiro e teria ficado alguns dias em Abu Dhabi, nossa escala. O Marcelo não tem muita vontade de conhecer Dubai, mas eu tenho! Deve ser um lugar lindo e cheio de contrastes! Um super beijo e adorei acompanhar suas férias pelo Facebook!

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Ana Maria BragaMuito obrigada, Ana! Ih, menina, eu já sou o contrário. Se pudesse, teria conhecido a Ásia toda antes da Europa, rs! Eu adoro lugares considerados "exóticos"! Um beijão!

Maria disse... [Responder comentário]

Esse é um lugar que não gostaria de ir sozinha, mas com uma boa excursão eua doraria. Fotos lindas. Adoro esse tipo de arquitetura. Bjus.

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@MariaOi, Maria! Viajar pela Índia sozinha realmente tem seus percalços, excursão é uma boa pedida em vários casos e eu recomendo para alguns amigos e familiares. A arquitetura é linda, também adoro! Beijão!

Geltha Dubon disse... [Responder comentário]

Oi,Katia!
Que fotos lindas!Vc tb está arrasando!!!!!!!!!!!!
Olha,tenho uma amiga,Ieda,q como eu é daqui de BH mas mora na índia praticamente o ano todo.Ela tem um blog que se chama Os Caminhos por OndeAndei(oquevivipelomundo.blogspot.com.br)
Ela fica muito feliz em conversar com pessoas q vão para a índia,inclusive pq morando lá a tantos anos pode dar dicas e ela não se importa de fazer isso.
bjs

Katia Bonfadini disse... [Responder comentário]

@Geltha DubonOi, Geltha! Muitíssimo obrigada pelo elogio e pela dica da sua amiga! Vou entrar em contato sim, que legal! Um super beijo!

Unknown disse... [Responder comentário]

Os templos são lindos,realmente,desde os mais antigos até este moderníssimo.
Mas...essa questão da barganha me afasta de muitos lugares.No Egito,principalmente no Cairo, fiquei extremamente incomodada:nada se faz por boa vontade,tudo tem segunda intenção-o raio da gorjeta.Na Indonésia,afaste-se dos mercados públicos:nada tem preço,você tem que pechinchar.Tem gente que curte.Eu odeio.É chato e cansativo...
Vc é muito CORAJOSA mesmo de encarar a India sem"redoma"!
Beijos

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